terça-feira, 30 de junho de 2009

Ah... as oportunidades...

Esta semana deixo pra vocês um conto da criativa Marina Colasanti...
Uma história infanto-juvenil feita para crianças de seis a cem anos...
Deliciem-se e reflitam!

UMA IDEIA TODA AZUL
Um dia o Rei teve uma ideia.
Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul.
Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.
Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia: Quem jamais saberia que já tinha dono?
Com a idéia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, Desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo.
Portas fechadas, e o silêncio.
Que sala escolher?
Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono.
Abriu. Na sala acolchoada os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a idéia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.
A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.
O tempo correu seus anos. Ideias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais Que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.
Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.
Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente.
- Ninguém mais se ocupa de mim - dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo - ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha linda ideia e guardá-la só para mim.
Abriu a porta, levantou o cortinado.
Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia.
Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia.
Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.
Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.
Depois baixou o cortinado, e deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.

Este texto foi extraído do livro homônimo da autora Marina Colasanti, em sua 4ª edição, em 1979, pela editora Nórdica. Posteriormente foi publicado por outras editoras.
Vale a pena conferi-lo na íntegra.

Beijocainspiradora... ;*
Jujuba!

Postagens Encerradas!!!

Galera!!!
Estão encerrados os comentários para o segundo bimestre.
Aos alunos que comentaram, parabéns! Estão bem coerentes e de acordo com o que lhes foi proposto!
Além de participarem dos debates, praticaram a argumentação escrita, imprescindível para a produção de textos.
Beijoca e continuem postando!
Professora Jujuba. =)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Chove chovendo essa chuva chuvosa!

Hoje acordei com aquela chuvinha batendo no telhado e deu aquela preguiça gostosa, sabe? Aquele vontadezinha de dormir um pouco mais...
Ao levantar, lembrei-me do poema do Drummond, e mais, fiz relações um tanto quanto complexas para o momento: simplesmente relacionei a conjugação do verbo "chover" aos neologismos trabalhados no 7º ano (no 1º bimestre) e pensei: puxa! o Drummond é o cara mesmo!
Leiam e me digam: ele é ou não é realmente genial?
"Chover" passou de preguiça a estímulo em fração de segundos...
Comecei a criar diversas palavras com outros verbos, lembrei de outros poemas que tratam de brincar com as palavras, e assim, tive a ideia de ampliar a brincadeira...
Vamos criar pequenos versos brincando com as palavras, criando neologismos?
Sigam o inspirador Drummond:

CASO PLUVIOSO
A chuva me irritava.
Até que um dia descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria.
E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.
Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.
Os seres mais estranhos se juntando na mesma aquosa pasta
iam clamando contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.
Os navios soçobram.
Continentes já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo.
Eis que a essa altura, delida e fluida
a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.
[Carlos Drummond de Andrade]

Galera! Mãos à obra e enriqueçam essa brincadeira... Vale de tudo, lembrar outros poemas ou letras de música que usam neologismos, criar seus próprios versos "neologismizados", só não vale não criar, não inovar, não comentar... ou seja, a palavra NÃO aqui não está valendo!!!

"e penso que pensar
num pensante do pensamento
seja pensantificar o que
penso..." [jujuba]

beijocriativo!!!
Boa semaninha a todos!!! ;)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

♥ Mais um dia dos namorados ♥

Galera!!!
Essa semana entrei na turma 2C para mais uma aula e fui abordada por uma aluna, com os olhinhos vibrantes, dizendo: "Professora, li uma crônica do Prates e lembrei do teu blog... queres colocar? eu trago!" Imediatamente aceitei a oferta. Primeiro, porque gosto da participação ativa dos alunos e, segundo, porque, com aqueles olhinhos... só podia ser algo interessante!
Venho, então, compartilhar com vocês do que tratava tal crônica...
Intitulado "E ainda casam...", o texto falava das absurdas demonstrações de total falta de educação das garotas e dos rapazes de nossos dias... dos tipos esdrúxulos que as meninas querem ter ao lado só pra dizer que estão acompanhadas; das meninas sem-modos que acham que estão arrasando em seu modelito última moda, esquecendo que um dia a "casca" estará diferente, e o que vai sobrar, se elas não tiverem outra coisa? Aquelas pequenas coisas do dia-a-dia que fazem toda a diferença, como arrotar na frente do parceiro, soltar asneiras e palavrões, tornar coisas pessoais como de conhecimento comum a todos que estiverem no ambiente (como pedir em alto e bom tom um absorvente!?), enfim, as coisinhas singelas que aprendi quando pequena ainda e que vemos tornarem-se banais... Segundo Prates, e eu assino embaixo, se pensarmos que são coisas naturais, de todos os seres humanos, daqui a pouco estaremos defecando na praça como fazem os cães, já que também é algo natural de todo ser humano.
E entram nessa lista de disparidades entre casais de namorados uma série de outras coisas, como "showzinhos" que eles gostam de dar em público quando, aos berros, tiram satisfação sobre atitudes do outro, ou quando tornam públicas as intimidades do casal, pensando arrasar... uhullll... que casal moderno!
E terminando a crônica, Prates deduz que tais atos de vulgaridade e falta de educação têm uma origem: os pais.
Realmente, pensando dessa forma, acredito que sempre aprendi muito bem o que é certo e o que é errado, talvez por esse motivo não lembro de ter praticado atos como os citados no texto...

E fica a dica nesta semana dos namorados... Será que vale a pena estar com alguém somente para não estar sozinho?
Penso que muitas vezes estar sozinho é enriquecedor... assistimos a bons filmes, lemos bons livros, jantamos com as amigas... coisas muito mais valorosas do que ter um troglodita ao lado...
Ou não?

Enfim, cada um é livre pra fazer as suas escolhas...

Em tempo, dia dos namorados é dia de comemorarmos o amor... Então, até quem não estará com ninguém (par) neste dia... comemore com as pessoas a quem ama de verdade!!!

FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!! ♥

Priscila Ferreira, lindona, colaboração valiosa!!! Obrigadíssima!!! ;)